sábado, 27 de março de 2010

Decido, logo existo!

Em minhas andanças e conversas por ai, deparei-me com um assunto deveras interessante: decisões. É inegável o fato que para vivermos temos que decidir o tempo todo. Das pequenas como o que almoçar até as maiores como que curso escolher, elas estão presentes o tempo todo na nossa vida e com o passar dos anos, conforme vamos conquistando maior independência, elas se acentuam, pesam mais sobre nossos ombros.
A origem da palavra decisão está no verbo latino caedere que significa “cortar”. Vale lembrar a famosa história do rei Salomão. Permita-me contar-lhe, caro leitor.
Conta-se que certa vez duas mulheres em discórdia dirigiram-se a corte do rei Salomão. O motivo do “barraco” era uma criança, que ambas as mulheres diziam ser sua. O rei Salomão não pensou duas vezes, pediu que um guarda cortasse a criança no meio e entregasse uma metade pra cada mulher. Nesse momento a mãe verdadeira disse que não, que nesses termos poderia entregar a criança pra outra. Nesse momento Salomão descobriu quem era a mãe verdadeira.
Enfim, decisão é o ato de escolher, dentre várias alternativas, a mais adequada, ou que lhe parecer assim, ou seja, cortar a “fatia” que se deseja pegar para si... ou algum sentido parecido que por mais que tente não consigo expressar.
É obvio, mas necessário lembrar, que cada decisão que tomamos nos traz consequências, boas ou ruins, que nos afetarão em um futuro próximo. Isso porque cada decisão implica em não decidir outra coisa, ou seja, implica em abrir mão de uma possibilidade e/ou oportunidade, além do que nossas decisões alteram nossa realidade, mudam o que está ao nosso redor e a nós mesmos. O diagrama abaixo mostra resumidamente como isso funciona:

Como visto no diagrama, fica difícil escolher entre várias alternativas, porque são inúmeras as possibilidades, e ao escolhermos uma, criamos uma expectativa quanto ao futuro, ou seja, desejamos que aconteça de uma certa forma. Porém é difícil prever como nossas alternativas se comportaram e algumas decisões são muito importantes para serem tomadas assim, empiricamente. Para certas coisas não podemos simplesmente tirar um cara ou coroa e pronto.
Existem diversas literaturas que ilustram o processo decisório, tais como Kendel e Kendel, Simon, Antony R.N, Freitas, etc. Não tenho a pretensão de discuti-las aqui e sim pensar numa forma de diminuir essa incerteza na hora de tomar decisões no cotidiano. Sendo assim, o processo decisório pode ser dividido em quatro etapas:
- Receber Informações: onde você recebe as informações que lhe ajudarão a decidir. Pode ser tudo, conselhos, relatórios, dicas em revistas, conhecimentos gerais, não importa. Tudo que lhe traga subsídios para decidir na forma de informações. O que é muito comum é tomarmos decisões sem ter informações suficientes, ou ainda com informações somente do problema em si e não de suas causas. Entender o que gerou algo as vezes é metade do caminho pra tomar uma decisão mais correta. Conselho: se não tem informações suficientes, arrume. Se precisar investir seu dinheiro, por exemplo, procure um analista de investimento, ou leia sobre o assunto; se precisa decidir algo que envolva escolhas pessoais, peça conselhos pra alguém que se importa de verdade com você e que te conheça; enfim, só passe pra próxima etapa com um mínimo de informações;

- Analisar informações: aqui as informações são processadas visando gerar conclusões. Nessa etapa que imaginamos as possíveis alternativas, quais caminhos podemos tomar, etc. O diagrama de ishikawa, ou “espinha de peixe” ajuda bastante nessa etapa:
Pode-se usar ainda diversas matrizes de priorização como a Básico, mas muito mais voltado pro mundo corporativo. O que é muito comum nessa etapa é enxergarmos apenas o que queremos ver. Não imaginamos alternativas que não nos agradam, simplesmente porque não queremos imaginá-las. Isso porque enxergamos o mundo através de poderosos filtros que criamos. Dica: procure ser imparcial, Nietzche chamava isso de visão espacial, é como se você pudesse sair do seu corpo e imaginar a situação se não fizesse parte dela;

- Confrontar possibilidades VS valores éticos: aqui rola três perguntas: eu quero? Eu posso? Eu devo?. Ou seja, aqui é onde decidimos das alternativas pensadas, quais estão de acordo com nossos valores. Por exemplo, pra resolver uma dívida, talvez não esteja disposto a trabalhar de barman, porque não tolera bebidas, nesse caso essa alternativa vai contra um valor seu, e novamente você terá de tomar outra decisão de manter ou não seu valor. Dica: preste atenção na hierarquia de seus valores, alguns são mais importantes que outros, se tiver que quebrar um não tão importante tudo bem, mas os prioritários geralmente tem muito haver com o que você é de fato;
- Escolher a melhor alternativa: sem segredo essa etapa, baseado em tudo que já viu nas etapas anteriores, basta escolher. Se você é muito indeciso, dê notas e vá ajustando-as. Não esqueça de levar em consideração as causas também e é claro, de considerar sempre seus valores.
Espero ter acrescentado alguma coisa de interessante!!! Na dúvida, decidam. Como diria o velho Henley, em uma tempestade, há quem reclame do vento, quem se acostume com o vento e há aqueles que ajustem as velas. Eu prefiro estar entre os que ajustam as velas.
Até
E agora? Vodka ou cuba?... ahhh sim... com gelo e limão é claro!!!

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